terça-feira, 22 de novembro de 2016

Futebol Clube do Porto




Nasci Porto! Morrerei Porto!

O meu amor pelo Futebol Clube do Porto tem origem nos genes do meu avô.

Foi ele que fez de mim, sangue e coração, um verdadeiro dragão.

Meu avô vivia e sentia o Futebol Clube do Porto como ninguém.

Era um adepto dito ferrenho de carne e osso, que até chorava na hora da derrota.

Nunca foi sócio de bancada, mas via sempre pela TV ou rádio os jogos do clube do seu coração.

Nunca esquecerei a final de 1987 da taça dos campeões europeus entre o Bayern de Munique e o F.C. Porto, estávamos os dois na cozinha a ver o jogo numa televisão pequena ainda a preto e branco.

Eu vestido com a camisola azul e branca e sempre durante o jogo agarrado a um cachecol do F.C. Porto e meu avô transpirava imenso pelos nervos da emoção da partida de futebol.

Depois de estarmos a perder 1 – 0 durante a primeira parte e a tristeza ser enorme em nossos semblantes, na segunda parte do jogo o argelino Rabat Madjer marca um golo de calcanhar, nós os dois nos agarramos feitos dois loucos de tanta felicidade.

Meu avô só gritava, “Vai Porto, nós vamos ser campeões!”.

Eu nunca tinha visto um acontecimento tão importante em minha vida, era ainda uma criança, mas estava super feliz pelo meu avô e pelo meu Porto.

Tínhamos empatado com um golo que jamais esquecerei mas o melhor ainda estaria pra vir quando o pequenino brasileiro Juary marca o nosso segundo golo quase a terminar os 90 minutos do jogo.

Foi a festa mais exuberante que eu recordo ter vivido até hoje em minha vida.

Meu avô foi naquele dia o homem mais feliz da Europa por ser campeão europeu de futebol pelo clube que ele amava incondicionalmente.

O Futebol Clube do Porto nunca tinha ganho nada a nível de competições europeias mas a partir daquele dia se tornou um dos maiores clubes do futebol europeu e mundial.

Nunca esquecerei as palavras do meu avô ditas após o final do jogo:

- “Nunca te esqueças deste dia pois a vida mesmo sendo difícil é feita de esperança. Nunca desistas de sonhar. Pois eu sempre sonhei que um dia o Porto seria campeão da Europa e hoje já sonho em sermos campeões do mundo.”

Dito e feito, nesse mesmo ano em Dezembro, fomos campeões do mundo de futebol.

Nevava imenso em Tóquio – Japão, na final entre o F.C.Porto e Peñarol (Uruguai) na taça intercontinental entre clubes.

Eram 3 horas da madrugada em Portugal e estávamos bem despertos e enrolados por cobertores na cama a ver a final.

O jogo estava pra não se realizar devido ao nevão intenso que se fazia sentir no próprio relvado coberto de neve mas o árbitro decidiu que o jogo deveria começar.

E lá estávamos nós, eu e meu avô colados à TV emocionados com uma garra imensa de que também hoje seriamos campeões.

O jogo foi muito intenso, mas os golos de Madjer e do nosso querido Fernando Gomes fizeram com que a nossa vitória fosse histórica.

Fomos Campeões do Mundo de Futebol.

Era de madrugada ainda em Portugal quando terminou o jogo mas meu avô pegou em mim e fomos diretos para a avenida dos aliados comemorar a vitória em Tóquio.

Nunca tinha visto tanta gente junta no centro da cidade do Porto, tantos carros desfilando com bandeiras enormes do F.C.PORTO e as pessoas gritando bem alto o nome do nosso clube.

Sei que ao regressar depois a casa da festa, disse estas palavras ao meu avô:

- “ Obrigado avô! Amo-te muito!”.

Sei que ele me abraçou imenso e ambos chorámos de alegria.

Desta história emocionante e comovente para mim resta-me contar dois pormenores.

O primeiro é que passado uns meses meu avô comprou dois porta-chaves com o símbolo do F.C. PORTO, um ficou para ele e outro deu-me como de um tesouro se tratasse.

Esse porta-chaves ainda hoje ando com ele como um verdadeiro tesouro sentimental do meu avô e do símbolo de amor que ambos temos pelo F.C.Porto.

Sempre que toco no símbolo do Porto no porta-chaves me transporta para junto das memórias do meu querido e amado avô.

 O segundo pormenor que me faltava contar desta história é que passados uns anos desta final histórica, em 1995 conheci pessoalmente o herói MADJER que estava na minha faculdade numa conferência sobre Medicina Desportiva.

Estivemos os dois a conversar durante uns minutos e depois de o abraçar na despedida pedi-lhe um autógrafo para o meu avô.

Gentilmente concedeu-me esse gesto amigo que muito agradeci.

Quando cheguei a casa e dei o autógrafo do MADJER ao meu avô.

Ele sorriu e disse:

-“Obrigado! Vou levar comigo para o céu!”.

Passados uns meses meu avô morreu mas ficou em mim muito dele que trago nesta vida.

Hoje, sempre que o PORTO ganha um sorriso meu voa para o céu para contar como foi a vitória do clube do seu coração.

Sei que lá do céu ele continua gritando bem alto; - PORTO!

Obrigado avô por ser portista, por ser dragão.

SOMOS PORTO!

NellAnjo




AMO-TE PORTO!
AMO-TE AVÔ!

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